Esbarrei aqui nestes dois artigos bem interessantes da Dra Marilda Novaes Lipp sobre o assunto. O primeiro fala especificamente sobre raiva, sobre como lidar com ela antes que gere reações agressivas (que, como sabemos, podem ter consequências desastrosas).
Sentir raiva por algum motivo é ok. O que não é ok é quando essa raiva começa a gerar sensações físicas. Cabeça esquentou, coração bateu mais rápido, respiração ofegante, sensação de sufoco? ATENÇÃO: quando o corpo começa a se sentir assim, a tendência é descambar para uma reação agressiva - e reações agressivas... bem, muitas vezes quem tem não escolhe as ter - mas quem sofre os efeitos dessa reação, muito menos. Logo, cabe a quem está sujeito a essas reações controlá-las. O que nos leva ao segundo artigo, uma abordagem cognitiva do stress. Porque se você está sujeito a ter reações agressivas em momentos de raiva, muito provavelmente é seu corpo que está permanentemente em situação de stress. E, como toda fonte de stress, tem muito mais a ver com como você lida com as situações do que com a situação propriamente dita. Em vez de botar a culpa no trabalho, na mulher, no tempo ruim, preste atenção no pronome: você se sente preso, você se sente desestimulado, você se sente sobrecarregado. Captou a sutileza?
No artigo da dra. Marilda Lipp sobre raiva, a autora mapeia esses três momentos: o momento em que você recebe o estímulo externo e o interpreta como um pensamento gerador de raiva, o momento em que você SENTE a raiva de forma física e o momento em que você finalmente explode. E é você que precisa mapear esses três momentos em si mesmo - justamente para evitar uma explosão. Você precisa reconhecer que está com raiva ANTES que ela gere esse desconforto físico, porque é o desconforto físico que levará a uma atitude agressiva - contra você, contra os outros, contra coisas, nenhuma dessas opções é boa.
E aí você precisa entender, e essa é a parte mais difícil, que "algo só se torna um evento 'desencadeador' pela interpretação que você dá a ele". Lembra o que te falei sobre botar a culpa nos outros? Há quem interprete o stress no trabalho como "desafio". Há quem interprete palavras alheias simplesmente como palavras ("ah, essa aí tá louca, tá de tpm, não vou dar trela"). Há quem, ao perceber que vai ficar sem grana, arrume bicos em vez de ficar ruminando "estou fodido". TUDO é uma questão de como você lida com os fatos. Eu já tinha dito isso aqui.
Você não vai entender isso durante seu acesso de raiva. Você precisa entender isso na sua vida. As chances de que suas manifestações de raiva não agridam nada ou ninguém fisicamente, a partir do momento em que você entende isso, são grandes. Porque quando você entende que tudo é a SUA interpretação, você já vai lidar com seus fatores geradores de estresse de modo diferente, e as chances de que uma hora você esteja a ponto de explodir são mínimas.
Mas você AINDA NÃO ENTENDEU, senão não chegaria aqui procurando por "como lidar com a raiva". É todo um processo. Comigo, aconteceu depois de uns anos de análise. Você pode e deve procurar ajuda profissional, aliás. Mas você ainda está num blog de autoajuda, então se seu próximo acesso de raiva acontecer enquanto você ainda estiver no meio desse processo, lembre-se das dicas preciosas da dra. Marilda Lipp:
- Seu coração já está batendo mais rápido? A cabeça já está quente? PARE E PENSE, por mais difícil que seja, que você corre o risco de ficar doente. Hipertenso. Que quem mantém a calma mantém o controle. E que você tem plena capacidade de assumir o controle das suas emoções.
- Respire. Inspire. Expire. Devagar. Consciente do processo que você quer interromper antes que alguma situação mais grave
- Uma coisa que ajuda, obviamente não durante o acesso, mas na sua vida, é canalizar a raiva para modos construtivos - fazer esportes, caminhar, dançar, libertar endorfina de modo positivo - e constante. Caminhar uma vez por semana não faz muito efeito, não. Vai fazer um esportinho leve diariamente, vai.
- E aí, quando já tiver controlado o processo, aí sim você pode resolver seu problema de cabeça fria.